A casa do morro
Na infância, eu morei no
interior – a casa do morro. Ela era muito arejada e tranquila. Lá eu descobri o
que é brincar de verdade. Nos finais de semana, meus primos iam
nos visitar e meu pai nos contava histórias de assombração. Recordo que um dia
tivemos de dormir na varanda após uma dessas histórias (foi quando o irmão mais
velho de papai veio de Recife com toda a família) e quando a coruja piou alta
noite meu primo Luam disse que era coisa de Lobisomem comendo um cabrito. Foi
menino chorando de medo por muitas horas! Às vezes, entro em meu apartamento e
me pego sorrindo dessas lembranças. Sempre digo a mim mesma que aquela era a
casa mais bonita do interior. (Teresa
Cristina Cerqueira de Sousa)
01) O trecho “Ela era muito
arejada e tranquila”! (l. 01) expressa:
(A) uma opinião da narradora sobre a casa.
(B) o motivo de a narradora ter se mudado.
(C) um pedido de conservação da casa.
(D) um tipo de casa do interior.
02) No trecho “Foi menino chorando de medo por muitas horas!”
((l. 05), a frase indica
(A) uma interrogação.
(B) uma exclamação.
(C) um pedido.
(D) uma ordem.
O aviãoLeve,
o avião ganha o azul
A Terra é tão grande!
E as figuras do lugar sorrindo
Abanando-se com as palmeiras
Saindo dos lugares
Ô... ô... ôps!
Levantando os cabelos do menino,
Uma folha, um graveto seco
Mas o vento para
Tudo fica sem movimento
E depois o pouso no chão
Ah, mas um
pedaço de papel pode ganhar o céu!
(Teresa
Cristina Cerqueira de Sousa)
03) No
trecho “Ô... ô... ôps!” (l. 06), as reticências têm efeito de
(A) avisar
do perigo.
(B) transmitir
uma ideia de fala prolongada
(C) questionar
o tamanho da Terra
(D) construir
um espaço maior para o avião.
04) No
trecho “... O avião ganha o azul”, a palavra destacada pode ser
substituída por
(A) sol.
(B) mundo.
(C) solo. (D)
céu.
Um lugar
tranquilo
Quando a gente olha de longe, parece tudo lento, sem vida. Mas de
perto é diferente. O lugar é apenas tranquilo. Os pássaros, como gente que
caminha macio, voam silenciosos num céu de um cinza-chumbo. E cantam melodiosos.
E o vento nos galhos das árvores retorcidas sobre as águas do rio, e uma canoa
longe, muito longe... E do outro lado da margem, garotos pulam de uma
ribanceira entre risos e conversas de futebol. As águas ainda barrentas das
chuvas deste ano tomam a cor do céu e dão a impressão de que vai chover.
Porém para o nascente, um arco-íris pincela com cores vivas e alegres a
tarde. E é um deslumbramento para os olhos, que me sinto muito distante das
chaminés das fábricas. Na areia úmida, uma minhoca resolve se
aventurar, mas a luz ainda do sol a faz abrigar-se novamente. Vezes são as
ramas das árvores dançando nas águas, vezes é o vento correndo quase dentro do
rio. Até os peixes parecem saltar na superfície do rio. Tudo com graça e
harmonia. De repente, um peixe acanhado salta. Depois o nado para
debaixo de umas pedras semi encobertas pelas águas e o movimento destas.
Uma a uma as ondas vão morrer na areia. Caem a meus pés numa queda morna! –
Ping, ping, ping... Que delicia! Talvez o rio estivesse me
convidando a um banho, talvez fossem as lembranças de minha
infância... Talvez eu morasse numa cidade barulhenta e sonhasse com um final de
semana num sítio às margens do rio Piracuruca... O certo é que o lugar era
muito tranquilo... Porque minha alma teve vontade de cantar. (Teresa Cristina
Cerqueira de Sousa).
05) A ideia central do texto é
(A) a vida na cidade grande.
(B) a descrição de um lugar tranquilo.
(C) a importância de um rio.
(D) os movimentos das águas de um rio.
06 )O texto também a passa a ideia de que
(A) viver em um lugar calmo é bom.
(B) um homem deve ser como as crianças.
(C) meninos podem banhar no rio.
(D) os peixes nadam e morrem na areia.
07) No
trecho “o nado para debaixo de umas pedras semi encobertas pelas águas e o
movimento destas”, a palavra sublinhada refere-se á:
(A) águas.
(B) pedras.
(C)semi encobertas.
(D) umas.
08) O texto é DESCRITIVO, porque
(A) mostra um narrador.
(B) fornece uma imagem.
(C) ensina que os lugares podem ser calmos.
(D) informa sobre um rio.
A lagoa secou
Todo o Nordeste tem a época do estio. Naquela tarde, a temperatura
estava elevada e o dia parecia mais longo. E era também o período do ano
reservado às férias e os filhos de dona Pata Quá convidaram os amigos para um
banho na lagoa. Mas o que havia eram pés de mussambê, ainda bem verdes, perto
do que parecia ter sido água. E os patinhos foram voltando para casa, passinhos
baixos e, parecia-lhes que o sorriso era algo particularmente inútil. A família
Quá tinha o costume de ser alegre. No vilarejo eram conhecidos como os patos
mais agitados na hora do banho. Então, papai pato chamou os patinhos com um
quá-quá-quá espalhafatoso. Todos deram meia volta, confusos. A lagoa sob seus
pés era uma massa pastosa muito diferente das águas em que mergulhava bastante,
onde ensinara os filhos a nadar. O
Senhor Quá observou com cuidado e mergulhou o bico. E havia algo curioso em
seus olhos. Isso sim, é saber tirar riso de meninos! Todos deram gargalhadas
com a sujeira do bico de papai pato. Então, os patos formaram uma fila e
voltaram para casa: quá-quá-quá.(Teresa Cristina Cerqueira de Sousa.)
01) O fato de o Senhor Quá ter mergulhado o bico na lama demonstra que
ele
(A) possui um bico duro.
(B) tem senso de humor.
(C) é muito velho.
(D) é curioso.
02) No texto, o grupo de palavras que têm o mesmo sentido é
(A) Nordeste/ água.
(B) época/período.
(C) mussambê/verde.
(D) Curioso/papai.
Haicais
I
Arara azul–
E as asas, num largo voo,
Dentro da floresta
II
Então é verão
Enquanto os mandacarus
Soltam suas flores
III
Mesmo com calor
É do céu da caatinga
Este azul suave
(Teresa Cristina Cerqueira de Sousa.)
03)Pelos temas abordados nos haicais, está claro que a autora
(A) ama a natureza.
(B) mora na Caatinga.
(C) é curiosa e sabe falar de sua terra.
(D) tem uma vida agreste.
A casa da menina
A menina está brincando de casinha
No fundo do quintal.
Mesa e cadeiras
Sofá e televisão
Tudo arrumadinho.
Depois tira o pó dos móveis
E abre bem a porta
Para ver o sol brilhar.
(Teresa Cristina Cerqueira de Sousa.)
04) O verso “ No fundo do quintal” (l. 2) indica
(A) tempo.
(B) lugar.
(C) modo.
(D) destino
Férias na escola
Os passarinhos acharam uma boa ideia
Abrir a escola nas férias
Sob a supervisão do gavião.Mas ai, ai!
O gambá muito comilão
Na hora do lanche
Tomou muitos sorvetes.
O cachorro (que se zangava à toa)
Ficou de cara amarrada
Com uma aflição danada:
Será que este gambá vai ficar muito tempo perto de mim?
E o pior é que esse gambá queria conversar com o
cachorro!
Felizmente, o jogo recomeçou.
(Teresa Cristina Cerqueira de
Sousa.)
05) O poema trata, PRINCIPALMENTE,
(A) dos voos dos passarinhos.
(B) da supervisão do gavião.
(C) de um provável conflito entre o gavião e o cachorro.
(D)da comilança do gavião.
06)O poema cria uma expectativa no leitor pela situação entre o
gambá o cachorro. A expressão que introduz essa expectativa é
(A) “Abrir a escola nas férias”.
(B) “Mas ai, ai!”.
(C) “O cachorro” (que se zangava à toa)
(D) “Ficou de cara amarrada”.
07) No trecho “Felizmente, o jogo recomeçou”, a palavra sublinhada
revela
(A) medo.
(B) lamentação.
(C) alívio.
(D) indiferença.
A pipoca
A pipoca pula, pula na panela Sploc, sploc, sploc
Numa música gostosa
Que importa o destino do milho
Se o estouro da pipoca
É uma grande festa?
Não sei como isso acontece
Mas o grão duro seco
Vira uma flor branca macia
Oh, pobre pipoca
Trancada na panela
Vem para minha boca!
Teresa Cristina Cerqueira de Sousa. Antologia de Poetas
Brasileiros Contemporâneos - Vol. 81
08) No verso “Não sei como isso acontece“(l. 7) a palavra isso se
refere
(A) ao pulo da pipoca.
(B) ao grão duro e seco.
(C) ao destino do milho.
(D) ao estouro da pipoca.
09)No final do poema, o uso da pontuação tem efeito de
(A) medo.
(B) interrogação.
(C) pedido.
(D )espanto.
(10) Após o estouro, a pipoca
se parece com
(A) grande festa.
(B) flor branca.
(C) grão duro.
(D) milho verde.
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